Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O almoço do brasileiro (parte I): A jornada se reduz

Sempre me perguntei como é possível desenvolver uma boa alimentação diária tendo que sair do trabalho, entrar na fila do restaurante, servir-se, almoçar, pedir a sobremesa, pagar a conta e estar a postos para a jornada vespertina em apenas uma hora.

Há alguns anos, o intervalo de almoço era o dobro desse tempo e alguns felizardos podiam ainda voltar para casa, assistir a um pedacinho do jornal e fazer a sesta – que por sinal aumenta a qualidade do desempenho laboral e faz bem ao coração, à mente e ao corpo.

              

Em uma cidade como São Paulo, os próprios colaboradores optam por reduzir o intervalo de realização da principal refeição do dia. Uma análise simples pode levar a dois motivos aparente: passe-se mais tempo no trânsito, sendo preciso reduzi-lo em outras áreas, e, como sempre, a influência do modelo de gestão norte-americano.

Cada vez mais e mais, as escolas de negócios seguem a cartilha do Tio Sam, ensinando o modelo de business ditado pelos nossos vizinhos, no qual a regra básica é: menos é mais. Ou seja, menos almoço é mais trabalho. Com hábitos alimentares alijados por todo o mundo e reconhecidamente pouco saudáveis, o norte-americano típico nem sai do escritório para comer, prefere fazer isso na própria mesa.

Não é coincidência que almoço, em inglês, é lunch. Ou seria lanche? Na cultura deles, a fome é perfeitamente saciada com um sanduíche de pasta de amendoim com geleia. Felizmente, na nossa, um belo prato de arroz com feijão ainda é muito valorizado, porém, um dia, pode deixar de ser.

Mas pior do que ter de enfrentar a fila do restaurante, é ter de gastar a sagrada hora do almoço para resolver pendências burocráticas e depois ainda ter de se contentar em comer um misto-quente.

A parte II desta trilogia traz uma descrição reveladora de como pode ser triste o momento em que um brasileiro típico deveria estar almoçando.

Um comentário:

Leandro disse...

Bom, essa história do almoço de 1 hora me assusta um pouco... aqui no interiorrrr tenho 2 horas de almoço e consigo, inclusive, ir à academia antes de comer meu arroz com feijão... Por favor, não me faça mudar de idéia...rs