Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mais fiscalização, menos pipoca

Um pipoqueiro com “ponto” em frente à PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) teve o seu carrinho de pipocas apreendido por fiscais municipais. No mesmo dia, um café nos Jardins teve as mesas e cadeiras da calçada apreendidas. Na PUC, provando que ainda existe consciência política entre os universitários, houve uma comoção geral. No café, o dono levava às mãos à cabeça pensando no provável prejuízo.

Essas duas cenas vivenciadas na semana passada são decorrência de ações adotadas pelo prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). O líder executivo da maior cidade do País resolveu fiscalizar a presença de mesas e cadeiras nas calçadas da cidade. Também foram tirados das ruas os ambulantes.

Todos querem uma São Paulo mais limpa e organizada, disso ninguém duvida. Mas toda cidade tem identidade. Muitas vezes, pode ser aliada a certa irregularidade e caos. Imagine se a lei Cidade Limpa passasse pela Times Square? O ponto turístico de maior relevância de Nova Iorque perderia completamente a estética e o charme que atraem pessoas do mundo inteiro.

A mesma coisa acontece, por exemplo, na Vila Madalena, onde o ato de tomar uma cerveja ao ar livre dá brilho ao bairro boêmio. Da mesma forma, a Rua Oscar Freire é um centro de compras conhecido internacionalmente e ganha glamour por seus bancos e mesinhas, onde é possível comer quitutes e beber um bom café observando o movimento de sacolas. Os exemplos são infindáveis.

Na PUC, os estudantes, acostumados a comer sua pipoquinha durante o intervalo das aulas, quase lincharam o carro dos fiscais da prefeitura. Foram necessárias intervenções dos seguranças da instituição para conter a fúria. Resultado: um pipoqueiro sem emprego.

E a pergunta é: o que São Paulo realmente ganha com isso?

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