Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Meia Berlusconi, meia... Napolitano



Ao ouvir falar em Napolitano, acredito que a primeira coisa que vem à cabeça de quase todos os indivíduos brasileiros é comida. Mais especificamente a pizza ou o sorvete sortido com chocolate, creme e morango. Perfeitamente compreensível!

Uma pequena parte lembrará que napolitano é um indivíduo nascido na cidade italiana de Nápoles, segunda maior região metropolitana daquele país e principal expoente da região Sul. Não é por coincidência que ainda é a cidade natal da pizza, onde se pode comer os melhores pratos deste quitute.

Agora, são poucos os que pensam em Giorgio: o Chefe de Estado italiano, que leva Napolitano no sobrenome e é constantemente ofuscado pelas trabalhadas do Chefe de Governo, Silvio Berlusconi. Tendo o magnata das comunicações como primeiro ministro, o país europeu precisa ter cuidado para manter as tradições democráticas e garantir a credibilidade das principais instituições.

Cabe exatamente a Napolitano – que é realmente procedente de Nápoles – a principal tarefa em meio a tudo isso: salvaguardar a Constituição, que, com sessenta anos de existência, é uma das mais consolidadas da Europa. Constantemente, Berlusconi diz que inúmeros itens da carta travam a sua governabilidade, limitando poderes.

Mas não é essa a finalidade de uma Constituição, limitar abusos e garantir o processo democrático? Para driblar essas amarras, o chefe de governo investe em decretos-lei, uma versão italiana das nossas Medidas Provisórias. O chefe de estado tenta brecá-lo a todo custo.

Com 82 anos e histórico político invejável, Napolitano foi eleito presidente em 2006, com apoio da centro-esquerda italiana. Ex-membro do Partido Comunista Italiano (PCI), o político parece ter como sina combater os fascistas, tanto os do século XX, quanto o do século XXI.

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PS: Dizem as más línguas que verdadeira pizza napolitana leva apenas tomate, azeite de oliva, orégano e alho.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A crise e o vendedor de biju

Há alguns meses, passando pela esquina da Rua Oscar Freire com a Avenida Rebouças, ouvi o vendedor de biju – que, por sinal, também diversifica os negócios comercializando amendoim torrado – reclamar da crise. Ele dizia que, durante o mês de janeiro, verificou uma forte queda nas vendas.

Muito informado, automaticamente atribuiu o fato aos problemas enfrentados pelas economias internacionais, como os Estados Unidos.
Passei meses me questionando de que maneira essas questões poderiam realmente afetar alguém que comercializa um produto tão barato em um dos pontos de venda mais nobres da cidade de São Paulo. Como um consumidor em potencial que transita por esse local poderia deixar de comprar biju por conta da crise? Será que as pessoas compensariam as perdas em ações com a compra do amendoim torrado?

Admito que até agora não achei uma resposta suficientemente plausível.

Mas levantei algumas hipóteses bastante peculiares, lá vão:

- Com o aumento do desemprego, a informalidade cresceu e fez com que mais pessoas vendam biju e amendoim nas esquinas de São Paulo. Tornando o mercado mais agressivo.

- Apavorados com a crise e com medo de gastar demais, os indivíduos deixaram de carregar dinheiro vivo no bolso para não caírem em tentação.

- Com as dificuldades para pagar o financiamento de veículos, menos paulistanos estão passando naquela esquina de carro.

- O tiozinho do biju está usando a crise internacional como desculpa por vender menos no período de férias.

- O brasileiro não come biju nem amendoim quando está com medo de perder o emprego!

Mais alguma ideia?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Novo conceito de hora feliz



Dia desses, uma amiga querida, com irmã na faixa dos 20 e poucos anos, contou-me uma história engraçada. Em plena sexta-feira, antes de sair para encontrar a galera no bar, viu a irmã tomando uma latinha de cerveja em frente ao computador. Rapidamente, perguntou: “Por que está aí sozinha?”. E obteve a seguinte resposta: “Estou fazendo uma happy hour com os meus amigos do MSN”.

O fato simboliza muito bem os novos ares da era da informação.

A vida virtual é, cada vez mais, uma forma imprescindível de socialização, um instrumento para formar a famosa networking. Nas aulas de marketing estratégico do MBA que curso, falamos muito menos de teorias e muito mais das formas como podemos aplicar a internet para incrementar os negócios, fazendo uso dos sites de relacionamento para conhecer pessoas.

Os mais velhos se preocupam em entrar na onda e querem se informar para não fazer feio, nem parecerem pessoas obsoletas. Os mais novos nasceram com a veia da tecnologia, aquela que ninguém tira. Outro dia, no elevador do mesmo MBA, vi uma menina ensinando à outra como usar o Twitter e as vantagens que o site oferece. No final, disse brincando: “se quiser, viro sua personal twittator tabajara”.

O interesse é tanto que o site foi capa da Época. Hoje, o The New York Times fala sobre o Facebook, focando em como ele se tornou um negócio lucrativo, mas com alguns problemas.

Será que vai chegar um dia em que todas as happy hours realmente vão ser pelo MSN, como já vislumbra a irmã da minha amiga? Espero enormemente que não, afinal, é impossível passar uma picanha no réchaud pela tela e nada substitui um bom petisco, ou o chopp gelado tirado na hora.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Chocolate para abrandar a crise


Na semana passada, li duas notícias que foram feitas para esse blog. A primeira saiu no The New York Times e contava que, cada vez mais, os norte-americanos evitam pagar a conta quando saem para comer com os amigos ou parceiros de negócios. A segunda era da Agência Reuters e dizia que, pós-crise, aumentou enormemente o consumo de doces na terra do Tio Sam.

Acho que os motivos dos dois fartos são bastante evidentes. Quem já saiu para comer nos Estados Unidos sabe o quando é caro frequentar qualquer restaurante que ofereça gastronomia de qualidade, com ingredientes frescos e selecionados. Se você não quer levar seu convidado ao McDonald’s ou ao Taco Bell's, realmente tem que investir.

Já o consumo de doces tem a ver com uma palavrinha simples: serotonina. A substância que relaxa e produz tranquilidade e alegria.
Afinal, e tempos de crise internacional, nada como um bom pedacinho de chocolate para alegrar. E que venha a Páscoa!