Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Como comem os turistas, como comem os locais

Para entender Cuba, é preciso saber que o país vive a dualidade da existência de dois ambientes que circulam paralelamente dentro do mesmo. Esses universos se diferenciam por um ponto principal: o dinheiro. São duas faces da mesma moeda.

De um lado, está o peso cubano, aquele que possui os heróis da revolução estampados. A cédula de três pesos, por exemplo, carrega a famosa foto de Che Guevara "hasta la victoria siempre", a mesma usada nas camisetas na Praça da República, centro dos revolucionários e bichos-grilo paulistanos. Do outro lado, está o peso convertible (CUC), cuja identidade gráfica "imita" a do euro.

A realidade do câmbio: cada CUC vale 1,26 euros, ou 0,80 dólares ou 25 pesos cubanos. Um habitante da ilha ganha, em média, 210 pesos cubanos por mês, ou seja, menos de nove pesos "dos turistas".

A moeda dos revolucionários lidera uma realidade barata dentro país, mas com pouco poder de compra de produtos industrializados ou importados. Quem ganha em peso cubano só tem acesso ao que é produzido em Cuba (ou o que é subsidiado por nações "irmãs"): basicamente comida não-industrializada (leia-se commodities), roupas em linha de montagem, produtos baratos, simples e de pouca tecnologia.

Para quem tem acesso aos CUC (apenas turistas ou profissionais que recebem gorjetas na hotelaria), há uma ampla gama de alimentos importados da Europa e América Latina. É possível achar, até, Coca-cola, além de produtos de marcas conhecdas pelos brasileiros, como Bauducco. Entretanto, uma torrada que custe 1 CUC representa mais de 10% do que a maioria dos cubanos ganha mensalmente. Deu para sentir o drama?

Um cubano dificilmente conseguirá experimentar comidas como as nossas: chocolates gostosos, biscoitos recheados, pratos congelados, pizza semipronta... Em tempos de obesidade latente, seria um problema ou uma sorte?

E o Obama segue com o embargo por mais um ano!

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Na foto: Plaza de la Revolución

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