Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Bolo econômico


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ex-ministro Antonio Delfim Netto e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo encontram-se quinzenalmente para aliar duas paixões: discutir economia e experimentar alta gastronomia. Fato corriqueiro entre amigos, mas que, em se tratando dos nomes em questão, pode ter consequências que afetam o futuro do País, o meu e o seu.

Na última semana, o estabelecimento escolhido para sediar a reunião foi o restaurante Massimo, localizado na Alameda Santos, em São Paulo. A escolha é um tanto óbvia. O estabelecimento é queridinho na elite paulistana, oferece comida italiana de qualidade e só. Em outras palavras: nada que justifique os preços exorbitantes.

O local pertence aos irmãos piemonteses Massimo e Venanzio Ferrari e possui receitas que são segredos de família mantidos por mais de 50 anos. Entre os pratos de destaque, estão: costeleta de cabrito, grelhado dos pescadores ou espaguete ao catoccio. Eu chutaria que Delfim pediu o primeiro. Para acompanhar, um bom vinho italiano que vale tanto quando uma família recebe por mês do bolsa família.

A pauta certamente envolve, entre outras questões, a maneira como a crise financeira internacional atinge o Brasil durante este ano. Afinal, o ministro finalmente reconheceu que o “descolamento” que pregava – grosso modo, pode ser traduzido como a crença de que a economia nacional estava fortalecida e seria menos afetada – não aconteceu.

Leio o que Delfim tem a dizer às quartas-feiras na Folha de São Paulo, porém, a vertente moderna não me convence. Sempre alio a imagem dele ao homem que queria fazer o bolo da economia crescer para depois dividi-lo. Já Beluzzo trabalhou para Sarney e Quércia. Ultimamente, faz de tudo um pouco: preside o Palmeiras e dá consultorias econômicas ao presidente Lula. Faz parte do conselho diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde estudei.

Imagino que as soluções encontradas sejam tão ortodoxas quanto o restaurante escolhido. Quem perde é a economia brasileira, que deve continuar encolhendo, enquanto as altas taxas de juros são cortadas em patamares ínfimos.

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