Pólítica com tempero: o blog de curiosidades gastronômicas sobre acontecimentos sociais, políticos e culturais

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Jockey, luxo e dívida de IPTU


Primeiro, a Daslu. Agora, o Jockey. Parece que dar calote em impostos virou uma prática comum, e necessária, entre os ícones de poder e luxo da cidade de São Paulo. O Jockey Club deve a bagatela de 180 milhões de reais de IPTU para a prefeitura paulistana, segundo a coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo deste domingo.

Qualquer empresário conhece o preço dos impostos, o quanto é complicado manter um negócio no Brasil por causa deles. Mas não pagá-los pode representar suicídio para micro ou pequena empresas. Entretanto, para os poderosos, a certeza da impunidade é tamanha que parece muito simples: praxe - essa é uma das palavras que mais me assustam, sempre justificando atitudes ilícitas. Ou seja, é o tipo de luxo apenas permitido aos grandes.

Exercendo o ofício de faturar às custas do vício alheio, o Jockey Club, com certeza, não enfrenta grandes crises: o local ainda é palco de alguns dos mais badalados eventos da cidade, incluindo casamentos de celebridades e eventos de socialites. O Cânter Bar, restaurante próximo ao local das corridas, possui um dos almoços com a pior relação custo-benefício que já pude verificar, caríssimo para o que oferece.

Porém, a gastronomia do Jockey se exime de qualquer pecado graças à unidade do restaurante Charlô, do chef homônimo, ícone da boa cozinha da cidade de São Paulo. Ainda tem uma filial da Mercearia São Roque, que ganha status de baladinha entre playboys e patricinhas da cidade.

Como sempre, a solução da prefeitura para o problema é muito simples para os interesses gerais dos mais abastados: comprar o terreno, o que ainda custaria 120 milhões de reais aos cofres públcos, abatendo a dívida de IPTU dos 300 milhões de reais em que a propriedade é avaliada. Dinheiro esse que sai do seu imposto, aquele pago todo começo de ano em cota única ou parcelado.

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